Por Francisco Bosco - 07 ago 2020 - 4 min
Tenho uma formulação hipermoderna sobre esse assunto. Acho que basicamente a pergunta “O que é ser pai?” deve ser respondida assim: “O mesmo que ser mãe”. Tradicionalmente são se costumava ter dúvida sobre o estatuto da mãe, porque ele era assegurado pela biologia e pelo machismo. Então, a mãe era, de um lado, quem gestava e amamentava, era aquela cujo gênero se confundia com a necessidade, a obrigação de ser mãe e, ao mesmo tempo, aquela que amava, cuidava e educava.
O que acontece é que a partir dos anos 1960 começou a haver um processo nas democracias ocidentais de desconstrução dos papeis de gênero. E com isso surgiu em primeiro lugar a pergunta sobre o papel do homem. “O que é ser um pai?”. No mundo tradicional, o pai era o provedor, uma espécie de fiador material do amor da mãe pelos filhos. À medida que a mãe conquista o mercado de trabalho e o pai deixa de ser esse provedor, a paternidade entra em crise.
Nesse momento mesmo, nos anos 1960, a psicanálise lacaniana responde à pergunta sobre o que é a paternidade dizendo que paié aquele que exerce a função paterna, que é a de interromper o laço fusional da mãe com o bebê e, por meio dessa interrupção, começar a lançar a criança no mundo do simbólico, da lei, da sociabilidade, que é o mundo do limite. Ser um ser social é ter limite. Mas dá para perceber quanto de machismo ainda há nessa formulação. Ainda que a função paterna seja um papel passível de ser exercido por qualquer pessoa, em geral costuma se atribuir ao homem a incumbência de inserir a criança na sociedade.
Pois bem, eu dou um passo adiante. Acho que o arrasto moderno é aquele que retira toda a experiência humana do campo do biológico e a joga no campo do político, do moral, do ético. Nesse sentido, para mim, ser um pai é assumir a responsabilidade por todas as dimensões da vida do filho na primeira infância. E, ao longo da vida, ao mesmo tempo, cuidar do filho e zelar por sua autonomia. Para quem é pai esse é um grande desafio, pois há toda uma problemática narcísica envolvida nisso. Então não há por que considerar que um mero marcador anatômico, biológico, ter ou não ter pênis ou vagina, torne alguém mais ou menos pai, mais ou menos mãe. Ser pai e ser mãe é algo menos biológico que afetivo e ético.
Parafraseando a famosa afirmação da Simone de Beauvoir, ninguém nasce mãe nem pai, torna-se.
Um menino decide se tornar bailarino, mas deve antes enfrentar o preconceito do próprio pai valentão, que não considera o balé “coisa de homem”. Como, em meio ao preconceito, fazer valer o seu desejo?
Quando a professora pediu que todos
levassem uma foto de família, os alunos ficaram confusos, mas logo descobriram
coisas muito legais sobre a história de cada um.
O galo e a galinha não tinham pintinhos, mas pegaram um ratinho para criar. Um dia, enquanto a galinha estava fora, uma raposa faminta invadiu a casa da família. Ainda bem que a mãe galinha usa a cabeça, em vez de arrancar as penas, para resolver a confusão.
Este livro possui Guia do Professor.
Os quatro livros da coleção “Todo mundo tem” foram criados para tratar de diferenças. A partir dos temas família, amigo, medo e casa, a autora procura mostrar que existem jeitos diferentes de ser, de fazer, de sentir, de viver… cada um desses temas. Além de falar sobre essas diferenças, cria um espaço (uma página interativa) para o leitor mostrar seu ponto de vista a respeito do tema. Este volume trata dos vários tipos de família: pessoas que fazem parte dela, pessoas que entram, que saem, pessoas que estão com a gente há tanto tempo, que são até consideradas da família.