Literatura infantojuvenil para crianças com deficiência

Por Juliana Muscovick - 06 out 2021 - 3 min

A literatura infantojuvenil é uma importante aliada na formação e desenvolvimento das crianças. Tanto a experiência de ler como a de ouvir histórias influencia em aspectos da educação, como afetividade, sensibilidade, compreensão, inteligência, entre outros.

O contato com a literatura desde os primeiros anos de vida traz diversos benefícios e seu acesso por todas as crianças se faz fundamental, assim como o debate sobre literatura e inclusão. Cada criança se desenvolve à sua maneira, e vários fatores contribuem para que sejam únicas, como os biológicos, ambiente em que vivem, estímulos que recebem, tudo isso de acordo com suas próprias habilidades, no seu próprio contexto. Segundo o psicólogo Vygotsky, uma criança cujo desenvolvimento está complicado pela deficiência não é simplesmente uma criança menos desenvolvida que as outras, ela se desenvolve de outra maneira.

No dia 21 de setembro foi instituído, no Brasil, o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. A data foi oficializada em 2005 pela Lei n. 11.133, contudo, já era celebrada desde o ano de 1982. A literatura infantojuvenil é uma aliada no processo de educação inclusiva, a ser praticada pela família, escola e comunidade. Por meio da leitura e do contato com diversos tipos de livros, as crianças com deficiência podem ter a oportunidade de verificar diferentes leituras do mundo e aprender uma multiplicidade de conceitos. Quanto maior o acesso à literatura, mais rico será seu aprendizado. Adaptar os livros a esse tipo de especificidade pode ser uma das formas para que crianças com deficiências específicas tenham contato com a leitura, a aquisição de conceitos e de novas estruturas linguísticas.

Livros em braile, livros em fonte ampliada, livros em áudio e libras, livros em formato digital são algumas das formas de promover a inclusão de pessoas com deficiência visual e auditiva na literatura infantojuvenil. 

Já as crianças com deficiência intelectual ou cognitiva, como o autismo ou a síndrome de Down, por exemplo, costumam apresentar dificuldades para resolver problemas, compreender ideias abstratas, lembrando que cada uma delas apresenta personalidade e características únicas. Algumas podem ser mais afetadas, enquanto outras apresentam sintomas mais leves A leitura, nesse sentido, pode ter como benefício o treino da escuta, da memória e do foco, habilidades importantes para a autonomia das crianças. Além disso, promove o desenvolvimento e o contato com pensamentos abstratos e um mundo simbólico, até irem se tornando algo habitual. A personalização dos livros, nesses casos, pode ser um importante recurso ou, no caso das crianças com autismo, alguns especialistas recomendam histórias mais curtas e com figuras, sempre levando em conta seus interesses. 

A educação inclusiva nas escolas é uma das ferramentas para situações de exclusão e que impedem o pleno desenvolvimento de alguns alunos. Para alcançá-la, é fundamental iniciar uma mudança de postura de estudantes, gestores, professores, funcionários, família e comunidade. Ela, aliada ao incentivo à leitura de literatura, favorece o desenvolvimento cognitivo de jovens com deficiência e promove ganhos no desenvolvimento socioemocional.

Juliana Muscovick

Juliana Muscovick é editora do Departamento de Literatura Infantojuvenil da SOMOS Educação. Formada em Letras, História e com especialização em jornalismo, trabalha na área editorial desde 2010 e sempre se aventurou pelos caminhos das letras, da cultura, da educação e das artes.

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