Por Bruna Batista - 03 jun 2020 - 9 min
O Dia Mundial do Meio ambiente é comemorado em 5 de junho. A data foi criada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1972 durante a Conferência de Estocolmo, na Suécia, cujo tema central foi o Ambiente Humano. Outras discussões sobre ecologia e preservação ambiental já haviam acontecido antes do encontro. O mundo construía uma compreensão de que os recursos naturais do planeta não eram inesgotáveis.
Neste dia, todos os anos, diversas organizações se manifestam, portanto, relembrando a necessidade de preservação do meio ambiente. Durante algum tempo, a humanidade acreditou que esses recursos eram infinitos. Entretanto, ao perceber que a interferência da humanidade era capaz de gerar impactos ambientais de grande proporção, foi preciso reconhecer que o planeta em que vivemos possui limitações que precisam ser respeitadas.
Neste artigo, entenda a importância desse marco, e como a literatura pode ajudar a trabalhar o assunto em sala de aula. Boa leitura!
As consequências da busca pelo desenvolvimento industrial e a relação da humanidade com a natureza nesse processo serviram de alerta para a problemática em curso. Durante muito tempo, a humanidade explorou recursos e viveu um consumo desenfreado. Com o surgimento de questões ambientais em decorrência das nossas ações, as mudanças climáticas, desaparecimento de espécies, ricos à fauna e a flora, percebemos que precisávamos mudar nossa relação com a natureza.
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, em 1972, reflete, então, essa compreensão por uma necessidade de mudança de pensamento. Além disso, evidencia a percepção internacional da necessidade de que fossem criados instrumentos de proteção do meio ambiente. A Conferência de Estocolmo, como também ficou conhecida, é um dos grandes marcos internacionais da mudança de consciência sobre a questão ambiental, compreendida como um ponto importante da mudança da política mundial por estabelecer uma nova visão e abordagem sobre a necessidade de preservação.
Além da definição de que no dia 5 de junho seria comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, foi lançado um Manifesto Ambiental para os nossos tempos com o objetivo de “inspirar e guiar os povos do mundo para a preservação e a melhoria do ambiente humano”. A partir da Conferência de Estocolmo, portanto, diversos outros encontros, medidas e planos de ação são elaborados, pensando na preservação do meio ambiente e do planeta. Surge o PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Programa Observação da Terra (Earthwatch), que monitora as diversas formas de poluição. Em 1983, surge a Comissão Mundial para o meio ambiente e Desenvolvimento (CMMAD).
Essa Comissão foi responsável por um importante relatório, chamado “Nosso futuro comum”, que elabora então, o conceito de “desenvolvimento sustentável”:
“O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades.” […]
“Na sua essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão em harmonia e reforçam o atual e futuro potencial para satisfazer as aspirações e necessidades humanas.”
Trechos do Relatório Brundtland, “Nosso Futuro Comum”
A ONU inseriu às discussões sobre meio ambiente em sua agenda. O Brasil recebeu dois encontros da Conferência sobre o Meio Ambiente. Em 1992 aconteceu a “Cúpula da Terra” e em 2012 a “Rio+20”. Mais recentemente, em 2015, aconteceu um novo encontro, dessa vez na sede da Cúpula do Desenvolvimento Sustentável, em Nova York. Nessa reunião foram definidos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma importante agenda mundial com prazo para 2030.
Com tantas informações interessantes sobre a criação do Dia do Meio Ambiente, as possibilidades de abordagem e desenvolvimento do conteúdo em sala de aula são infinitas. Quando compreendemos um problema e seus efeitos reais, ficamos mais conscientes da necessidade de alterar o nosso comportamento sobre ele.
Nas aulas de história, uma parte muito importante da compreensão sobre os caminhos traçados pela humanidade está centrada em entender como o homem usava a natureza para o seu próprio desenvolvimento. Em diversos momentos podemos ver que o desenvolvimento das civilizações tem conexão com a exploração de algum recurso, sobretudo na revolução industrial.
No século XIX, o escritor Henry David Thoreau escreveu sobre seu amor à natureza e se tornou um grande crítico da ideia de desenvolvimento empreendida naquele momento. Antecipou pensamentos sobre ecologia e sustentabilidade, sendo usado, mais tarde, como inspiração para esses movimentos.
Um livro teve papel importante para o despertar ambiental mundial. Publicado em 1962, “Primavera Silenciosa”, de Rachel Carson, inspirou a preocupação pública sobre o uso de pesticidas e os problemas da poluição ambiental. No livro, a cientista destacada a importância de respeitarmos o ecossistema em que vivemos. A publicação se tornou um grande best-seller na área, e entrou para listas de melhor livro de ciência de todos os tempos.
O Dia do Meio Ambiente possibilita que os educadores abordem diversos tema, desde seu desenvolvimento histórico até agentes químicos que foram proibidos em decorrência desse despertar ambiental. A data é uma boa oportunidade, inclusive, para adotar uma perspectiva interdisciplinar. Além de incentivar os alunos a adotarem pequenas mudanças em seu dia-a-dia, a escola também pode desenvolver projetos grandes que ampliem essa compreensão.
Apresentamos aqui uma lista de atividades que podem ser abordadas e, ao final, selecionamos alguns livros que podem ajudar nesse processo:
Para salvar seu povo da seca, o garoto Lua sai em busca do Espírito da Chuva
Pedro e Luísa querem proteger as tartarugas marinhas e enfrentam pescadores, que vivem de vender esses animais.
Era uma vez uma árvore, um Sol, uma Lua, um rio, uma pedra rodeada por uma joaninha, um vento, a escuridão, um índio e tudo o que existe. Um dia, a árvore foi derrubada, o Sol deixou de reconhecer o que outrora iluminou, a pedra passou a ser apenas uma pedra, a cidade foi tomada pelo medo dos ladrões, o vento chorou por não saber mais sonhar e as terras dos índios foram tomadas pelos brancos. Até que a árvore foi lembrada pelo bisavô que falou dela ao avô que passou para o pai que mencionou aos filhos. O Sol encontrou um ninho de andorinhas, o rio esbravejou contra pessoas que o estavam sujando, a pedra voltou a ser visitada, dessa vez por meninos e meninas fazendo piqueniques. Assim, a natureza voltou a ser lembrada e, principalmente, a ser cuidada por mim, você e tudo o que existe.
O consumismo, a poluição, o caos urbano são temas que já incomodavam Eça de Queirós no final do século XIX. Neste romance, Jacinto, ávido entusiasta do progresso, vive em Paris se entupindo com as últimas novidades tecnológicas, muitas inúteis. Mas uma viagem para as serras de Portugal, em meio à natureza, o levará a uma inquietação cada vez mais contemporânea: será que o culto à tecnologia e o ritmo de vida moderno não estariam nos afastando de nossa verdadeira essência?
A pauta ambiental tem grande importância no mundo todo e, no Brasil, vivemos um contexto que a torna ainda mais séria. A poluição chega aos nossos rios e mares de diferentes formas, desde rejeitos de fábricas e esgotos a grandes desastres ambientes. O desmatamento, que já reduziu a Mata Atlântica à 12,4% da floresta original, ameaça também a Floresta Amazônica.
Todas essas ações, além do desgaste ao meio ambiente, carregam consigo, também, o desastre humano. Os rios poluídos retiram a alimentação e sustento de comunidades ribeirinhas, o desmatamento destrói o lar de povos tradicionais. Por tudo isso, é tão importante que as escolas adotem a postura de despertar a preocupação ambiental em seus alunos. Desenvolver essa consciência nas crianças e jovens cria a possibilidade que as novas gerações possam agir diferente.
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