Por Bruna Batista - 24 abr 2020 - 11 min
Tradicionalmente, 28 de abril é uma data conhecida como o Dia Mundial da Educação. Quando falamos em educação, automaticamente a associamos à formação escolar. Entretanto, essa não é desenvolvida apenas nesse âmbito. A educação, seja familiar, social ou escolar, é fundamental para a construção de valores essenciais na vida de crianças e jovens e, posteriormente, auxilia na formação de cidadãos capazes de manter um convívio saudável e próspero em sociedade.
Em 28 de abril de 2000, encerrava-se o Fórum Mundial da Educação, na cidade de Dakar, no Senegal. A data foi escolhida pelo marco simbólico do fórum, onde representantes de vários países estabeleceram, entre outros, o compromisso de levar a educação básica e secundária a todas as crianças e jovens no mundo. O evento é considerado um marco para a educação global.
Neste texto, trataremos sobre a importância desse Fórum para a educação no mundo e porque a educação está muito além do ambiente escolar. Ao final, indicaremos livros para celebrar a data nos diferentes segmentos do ensino. Confira!
Em 2000, foi realizado o Fórum Mundial da Educação na cidade de Dakar, no Senegal. O fórum é um organismo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em parceria com o Banco Mundial e o Banco Asiático de Desenvolvimento, além de representantes de diversos governos e secretarias de educação ao redor do mundo. O evento aconteceu entre os dias 26 e 28 de abril e é por esse motivo que a data acabou sendo um marco para estabelecer o Dia da Educação.
As comemorações de datas mundiais ligadas ao calendário da Organização das Nações Unidas (ONU) precisam seguir um trâmite interno para ser aprovadas – o que ainda não foi feito com o Dia da Educação. No entanto, muitos países adotaram esse marco após a assinatura da Declaração de Dakar e assim permanece até hoje. A importância do dia escolhido está relacionada ao pacto global assinado pelos mais de 1.000 representantes de 100 países diferentes que estiveram no fórum.
Nós reafirmamos a visão da Declaração Mundial de Educação Para Todos (Jomtien, 1990), apoiada pela Declaração Universal de Direitos Humanos e pela Convenção sobre os Direitos da Criança, de que toda criança, jovem e adulto têm o direito humano de beneficiar-se de uma educação que satisfaça suas necessidades básicas de aprendizagem, no melhor e mais pleno sentido do termo, e que inclua aprender a aprender, a fazer, a conviver e a ser. (Declaração de Dakar. Educação para Todos. Texto adotado pela Cúpula Mundial de Educação Em Dakar, Senegal, de 26 a 28 de abril de 2000.)
A declaração e os objetivos propostos deveriam ser cumpridos pelos países em até 15 anos. Um novo Fórum da Educação, dessa vez na Coreia do Sul, foi realizado em 2015 e foram definidas novas metas para a educação até 2030. No evento, foi aprovada a Declaração de Incheon – nome da capital do país onde a reunião foi realizada. A declaração incentiva os países a fornecer educação inclusiva, igualitária e de qualidade, além de oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
As metas educacionais são parte da Agenda de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Unesco, definida até 2030. Esses objetivos são um plano de ação para as pessoas, para o mundo e para a prosperidade; e “educação de qualidade” é o objetivo número 4, que visa “assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”. Os 17 objetivos listados e as 169 metas ligadas a eles, foram aprovados na 70ª Assembleia Geral da ONU, em 2015.
Em 26 de junho de 2014, foi aprovado pelo Congresso Nacional a Lei n. 13.005/2014, que instituiu o Plano Nacional de Educação (PNE). Ccom 10 diretrizes e 20 metas que abrangem todos os níveis de formação, desde a educação básica até o ensino superior. O acompanhamento desses indicadores é feito a cada dois anos.
O plano aborda objetivos essenciais para o aumento da inclusão, a formação continuada dos professores e o investimento no ensino profissionalizante. Os pontos estabelecidos no PNE ressoam o compromisso firmado pelo estado brasileiro com a Agenda de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Unesco. As metas do PNE são aplicações do que foi traçado nos objetivos de desenvolvimento (ODS).
A Meta 1 do PNE, por exemplo, prevê a universalização da Educação Infantil para crianças de 4 a 5 anos e o atendimento de, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos em creches; e no item 4.2. dos ODS é previsto que, até 2030, os países se comprometem a garantir que todos os meninos e meninas tenham acesso a um desenvolvimento de qualidade na primeira infância, cuidados e educação pré-escolar, de modo que estejam prontos para o Ensino Fundamental.
Em outro exemplo, a Meta 4 do PNE e o item 4.5. dos ODS definem:
Meta 4: Universalizar, para a população de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados. (Meta 4. Planejando a Próxima Década Conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação, p. 10)
4.5. Até 2030, eliminar as disparidades de gênero na educação e garantir a igualdade de acesso a todos os níveis de educação e formação profissional para os mais vulneráveis, incluindo as pessoas com deficiência, povos indígenas e as crianças em situação de vulnerabilidade. (Item 4.5. Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável)
Em ambos os casos, é possível notar o compromisso firmado pelo estado brasileiro com o desenvolvimento da educação. No caso do PNE, foi estabelecido um planejamento de 10 anos, que ultrapassa governos e firma uma política mais sólida para o ensino formal em nosso país.
O estímulo ao aprendizado e a educação devem sempre atravessar os muros da escola. Em casa, com a família, nas instituições religiosas, na aula de balé, na natação, seja onde for, a educação faz parte do dia a dia e é assim que deve ser. Isso não significa que são formas de aprender sem conexão, ao contrário, uma influencia diretamente na outra e é por isso que são tão importantes. Essa complementariedade é essencial no desenvolvimento de habilidades e na percepção de mundo dos alunos.
“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.” Nelson Mandela
A leitura, por exemplo, é uma forma de aprendizagem e de estímulo educacional que pode facilmente acontecer fora dos muros da escola. Ler é um exercício para a criatividade, para a formação cognitiva e para a construção do pensamento crítico. E pode ser uma atividade influenciada por professores, pais, família em geral. Todos podem contribuir para a formação de um jovem leitor, e dar o exemplo é a forma mais simples e importante de fazer isso. E esse aprendizado influencia diretamente a forma como o aluno aprenderá os conteúdos em sala de aula, melhorando a leitura e a interpretação de texto; por isso, a educação está presente em quase tudo que fazemos.
Datas comemorativas são ótimas oportunidade para trabalhar conceitos e temas específicos. No Dia da Educação, as escolas podem organizar diversas atividades que ajudem a reunir a comunidade e a transmitir a importância dos valores educacionais para sua própria formação. Separamos alguns livros que podem ser usados para auxiliar essa abordagem.
O menino se encanta com o poder das palavras de despertar sentimentos.
Isadora adora comer. Um dia, ao abrir a geladeira, ela descobre mangas de camisa no lugar das frutas de mesmo nome! Já as frutas estão no quarto da menina! O que estará acontecendo?
O professor tirânico, o flagra na hora da cola, o colega invejável, a professora heroína… Esta antologia não fala apenas de professores e alunos, mas de seres humanos. Todos matriculados na mesma escola: a vida.
Aos 11 anos, Sérgio deixa a casa dos pais para ingressar no colégio Ateneu. Por trás da pedagogia moderna que atraía os filhos da elite, há uma educação tirana, que fomenta a hostilidade e a aniquilação dos fracos. A fantasia e a ingenuidade da infância são substituídas por uma realidade cruel e repressora. Sem abrir mão do texto original, Marcello Quintanilha criou uma obra-prima em quadrinhos: o realismo crítico e o tom impressionista presentes no clássico foram adaptados para um roteiro ágil e ácido, com imagens contundentes.
Reunindo alguns dos mais representativos contos de Machado de Assis, nesta antologia encontram-se a típica ironia machadiana, a presença da escravidão, profunda demais para ser eliminada por meio de uma lei, e as restrições impostas às mulheres em uma sociedade conservadora – temas ainda presentes no Brasil atual. Mais do que uma experiência literária, o autor nos proporciona um verdadeiro conhecimento da formação da nossa sociedade.
A educação é essencial para o desenvolvimento e para a formação humana. As instituições de ensino são, em geral, responsáveis pelo desenvolvimento educacional central do educando. Porém, o processo de aprendizagem educacional não se restringe à escola. As próprias experiências e vivências são parte de um conhecimento que vai sendo adquirido ao longo da vida de cada um, e que também fazem parte da nossa educação.
A leitura como ferramenta da educação pode ser trabalhada em prol do conteúdo formal ou até mais. A escolha do livro a ser trabalhada deve ser cuidadosa e, por isso, fizemos um guia para auxiliar nesse processo!
Acesse o Guia para escolha do livro literário!