Por Coletivo Leitor - 19 nov 2020 - 6 min
Comemorado em todo território nacional, o dia da Consciência Negra foi sancionado como lei em 2011. Desde então, essa data é oficial e válida para todo o país, sendo feriado em alguns estados.
O dia da Consciência Negra diz respeito à representação histórica e cultural dos negros no país. Ou seja, essa data está ligada à luta que começou em meados de 1532, quando os primeiros navios negreiros chegaram no Brasil. A partir daí, foram mais de trezentos anos de direitos restritos e luta pela liberdade. Apenas em 1850, com a Lei Eusébio de Queiroz, é que o tráfico de escravos foi proibido. Trinta e três anos depois veio a abolição da escravatura, com a assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel, em 13 de maio de 1888.
No entanto, apesar do direito de liberdade adquirido, os negros no Brasil continuaram sofrendo discriminação social. Por isso, não pararam de lutar pela igualdade de direitos sociais e pelo fim do preconceito. Essa realidade se estende até os dias atuais.
A história do dia da Consciência Negra está relacionada a Zumbi dos Palmares, o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, que se localizava no Nordeste. Isso porque durante o período colonial ele lutava contra a escravidão e em busca de direitos para a população negra. Essa era uma atitude que incomodava muitas pessoas. Por isso, em 20 de novembro de 1695, ele foi assassinado a mando do bandeirante paulista Domingos Jorge Velho e teve sua cabeça exposta em praça pública em Recife.
A abolição da escravatura só veio em 1888. Isto é, 193 anos depois da morte de Zumbi. Assim, dados os relatos históricos sobre a sua importância para o movimento dos escravos na época, o dia da Consciência Negra foi escolhido pela data de sua morte.
Além dele, muitas outras pessoas fizeram parte de lutas incessantes pela liberdade no Brasil. Dessa forma, é muito importante levar para a sala de aula livros que trazem as histórias dessas lutas. O dia da Consciência Negra precisa ser estudado e celebrado.
A partir da história de Zumbi dos Palmares, o livro sobre consciência negra conta a história de um menino livre que subia em árvores, lutava capoeira, empinava pipas. Ou seja, divertia solto pela mata. Em um determinado momento, ele é capturado e levado para um lugar desconhecido. Porém, não desiste da sua liberdade e inicia uma luta incansável para recuperá-la.
Sobre modelos familiares, preconceitos e diferença de classes. A obra Coragem não tem cor conta a história de Benjamim e Lúcio. Eles são dois irmãos que ganham uma bolsa de estudos em um colégio de elite e passam a viver em um mundo diferente do que conheciam até então. Nesse novo cenário de vida, os dois precisarão enfrentar discriminações e lutar pelo respeito que merecem. Uma ótima leitura para refletir sobre igualdade.
Esse livro de Mirna Pinsky contribui para a ampliação do repertório cultural das crianças, auxiliando no desenvolvimento do pensamento coletivo e também sendo capaz de contribuir para a reflexão sobre o preconceito. Nó na garganta conta a história de Tânia, uma menina de 10 anos que muda de cidade junto com seus pais, futuros caseiros na casa de dona Matilde. No seu novo ambiente, a jovem faz novos amigos, aprende novas brincadeiras, diverte-se. Mas também sofre muito preconceito por ter a pele negra. Durante esse processo, Tânia desenvolve uma percepção bastante sensível sobre si mesma.
Uma história para refletir sobre a existência do preconceito no país. Esse, que ainda persiste mesmo passado mais de um século da abolição. O livro traz a história de quatro adolescentes que foram passar as férias em uma antiga fazenda de café e acabaram encontrando o fantasma de uma escrava. A partir disso, refletem sobre a atualidade dos preconceitos raciais na sociedade.
Como será feita a identificação de cor por uma pessoa cega? A obra Longe dos olhos parte desse princípio para refletir sobre o preconceito racial. O livro conta a história de Oto e Sílvia. Oto é um homem negro e humilde que luta contra o racismo e Sílvia uma mulher cega. Ao se conhecerem, Oto teme que Sílvia o rejeite por ele ser negro. Por isso, finge ser loiro de olhos azuis para ser aceito por ela. Esse livro traz uma reflexão necessária para trabalhar o preconceito com crianças através de uma leitura mediada.
Essa é uma obra que reúne treze crônicas que relatam os primeiros momentos do Brasil. Onze autores que viveram nessa época retratam os primeiros cem anos após o descobrimento do país. Apesar de não haver referência direta à escravidão, as crônicas são um ponto de partida fundamental para a compreensão de diversos acontecimentos que fizeram parte da história do Brasil.
Isaura é uma escrava que recebeu a mesma educação de uma mulher branca graças à bondade de sua senhora. Devido ao seu tratamento bondoso, nunca havia pensado em ser livre. Isso, até que se apaixona por Álvaro, um homem rico, herdeiro, branco e defensor do abolicionismo. Escrito por Bernardo Guimarães e publicado em 1876, a obra instiga no leitor uma reflexão sobre o preconceito. A escrava Isaura traz à luz questões étnicas num contexto pré-abolicionista.
Publicado antes da abolição da escravatura pelo abertamente abolicionista Castro Alves, O navio negreiro é o seu poema mais famoso. Os demais poemas reunidos nessa obra fazem parte da primeira fase de produção de Castro Alves e servem de referência direta para compreensão da história da época. Conhecido como Poeta dos escravos, Castro Alves morreu com 24 anos e é um dos autores mais importantes do movimento abolicionista.
Além dos livros mencionados, muitos outros são capazes de auxiliar na compreensão da história de um país. Como vimos, o aprendizado não precisa vir apenas dos livros didáticos que já fazem parte do currículo escolar. Muitas obras literárias são capazes de fazer crianças e jovens refletirem sobre os acontecimentos marcantes de sua cultura ou país.
Por isso, temos um acervo repleto de obras sobre história e repertório cultural para você conhecer e ampliar seu conhecimento com a literatura. Clique na imagem abaixo para conhecê-las.