Carnaval nas estantes

Por Coletivo Leitor - 19 fev 2020 - 4 min

No próximo fim de semana comemora-se uma das festas populares que mais mobiliza a população brasileira, o Carnaval. Festividade que antecede a Quaresma, período de quarenta dias, que se estende da Quarta-feira de Cinzas até a Sexta-feira Santa, antes da Páscoa, o Carnaval exalta o poder das transgressões e dos excessos, que nos aliviam temporariamente do peso das normas cotidianas, misturando elementos de sátira e crítica social.

Quem fala em Carnaval também se lembra do recurso à música e à dança como formas privilegiadas de expressão artística presentes nessa festa, assim como dos desfiles das escolas de samba que, antes de sucumbirem à indústria do entretenimento, convertendo-se em um negócio que mobiliza grandes somas de dinheiro, surgiram como agremiações comunitárias.

Como afirma a carnavalesca Maria Augusta Rodrigues, no Rio de Janeiro, “o samba nasceu, cresceu e se firmou nos terreiros das famosas ‘tias’. Elas eram respeitadas líderes da comunidade negra numa época em que seus membros eram muito discriminados e perseguidos. Para se proteger, eles se organizavam em grupos que, além das atividades religiosas, criaram ‘brincadeiras’ – entre elas, o samba” (In: TANAKA, Béatrice. A história de Chico Rei. 2. ed. São Paulo: Edições SM, 2015).

Embora os desfiles durem apenas algumas horas durante a semana do Carnaval, os membros das escolas de samba se preparam para este momento durante o ano inteiro, arregimentando grande número de pessoas (compositores, músicos, figurinistas, passistas), entre as quais, muitas crianças. Elas assistem a todos os preparativos da festa com grande curiosidade e disposição para aprender a cantar o samba-enredo e a desfilar na avenida, esmerando-se na alegria.

Os componentes das escolas organizam-se em “alas” (grupos que desempenham a mesma função no desfile), como a comissão de frente, a ala das baianas, a da bateria, a dos passistas, etc. Naturalmente não poderia faltar uma “ala infantil”, que desde 1982 é obrigatória nas grandes escolas do Rio. Ainda segundo Maria Augusta Rodrigues, “desde pequenas, essas crianças vão observando, imitando o que os adultos fazem, aprendendo a respeitar os mais velhos e observando que trabalho em grupo é mais alegre e rende mais”.

Mas também se aprende Carnaval fora da passarela, em silêncio, entre as páginas dos livros, onde sobram fantasias para todos os gostos.

Conheça a seguir algumas obras para você abrir alas no próximo “alalaô”:

Desvendando a bateria da escola de samba, de Márcio Coelho e Ana Favaretto

Este livro desvenda um dos conjuntos musicais mais importantes da cultura popular brasileira: a bateria de escola de samba. De modo simples, os autores apresentam como a bateria de escola de samba é constituída, quais são seus principais instrumentos e como eles atuam em conjunto.

Desvendando a orquestra de frevo, de Márcio Coelho e Ana Favaretto

Este livro desvenda um dos conjuntos musicais mais importantes do Brasil: a orquestra de frevo. Os autores apresentam os principais instrumentos que constituem uma orquestra de frevo e como eles funcionam. Além disso, a obra contém um pouco da história desse gênero musical genuinamente brasileiro

Aula de carnaval, de Ricardo Azevedo


Coletânea de poemas do autor e ilustrador Ricardo Azevedo com versos, adivinhas, quadrinhas e ilustrações com clima de folia para o ano inteiro.

O diário perdido de Pernambuco, de Luis Eduardo Matta

É Carnaval. Júlia, André, Rachid e Dona Olga curtem as festas de Olinda, na casa da amiga Almerinda. Em meio ao som do frevo nas ruas da cidade, Almerinda é ameaçada por alguém em uma sinistra fantasia de bruxa. A turma decide proteger a anfitriã e investigar a relação desse incidente com o sumiço de um frei e de um misterioso diário.

O Super Silva, de Ivan Jaf

Numa noite de Carnaval, Silva, um borracheiro, cai por acidente sobre um monte de fantasias velhas e decide prová-las. Ele sai de lá vestido de super-herói. A partir daí, passa a defender os fracos e oprimidos, de um jeitinho bem brasileiro.