Por Lalau & Laurabeatriz - 29 maio 2019 - 2 min
Sou um eterno apaixonado pela palavra. Não me lembro quando, mas, com certeza, a primeira palavra que consegui decifrar juntando letras estremeceu meu espírito. E me marcou para sempre.
Aonde eu não estou as palavras me acham.
Manoel de Barros
Quando chegou a hora de escolher o-que-você-vai-ser-quando-crescer, procurei algo onde a palavra fosse o instrumento de trabalho. Fui, então, redator de propaganda por muitos e muitos anos. Mais atraído pelo prazer de passar o dia envolvido com palavras do que criar anúncios e comerciais de TV. Na faculdade, participei de um grupo de teatro amador como roteirista. Nele, as palavras transformavam-se em gestos e ações num palco.
Com muito mais cabelo e barba do que possuo atualmente, no final dos anos 1970, as palavras me levaram à poesia marginal e ao mimeógrafo. Nos anos 1980, escrevi contos e crônicas para concursos literários – ganhei alguns – e para uma extinta revista, a “Agora São Paulo”, do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, dirigida por amigos que me deram uma página no projeto. Foi bem divertido.
Fazer poesia é brincar com as palavras.
José Paulo Paes
Nos anos 1990, mais uma chacoalhada: conheci José Paulo Paes no lançamento do livro Olha o bicho. Foi encantamento imediato! Decidi seguir o caminho e o incentivo do mestre, ou seja, escrever para crianças, fazer poesia para crianças, brincar com as palavras. Posso dizer que, passados 25 anos desde o meu primeiro livro publicado, a coisa deu certo.
Poesia cutuca o imaginário, dá à vida um sentido mais sedutor e transforma a palavra num brinquedo delicioso.
Por causa disso, participo de muitos encontros e eventos literários em escolas. E, cada vez mais, vou com o propósito de passar para alunos e educadores o quanto palavra e poesia são importantes e o bem que fazem. Imagine quantas atividades lúdicas, individuais ou em grupos podem ser feitas com essa dupla, exercitando a linguagem e a criatividade! Poesia cutuca o imaginário, dá à vida um sentido mais sedutor e transforma a palavra num brinquedo delicioso.
Sem contar que, por trás de tudo isso, a criança amplia seu vocabulário, aumenta a sensibilidade estética, exterioriza emoções e o gosto pela leitura vai se formando naturalmente. Vamos brincar com as palavras?