Boas Práticas e o gênero Conto em sala de aula

Por Coletivo Leitor - 12 jun 2019 - 5 min

“Sala de aula é espaço de leitura, é espaço para reflexão”. Foi por pensar assim que a professora do Centro Educacional SESI 412, Grasielly Lopes, foi convidada pelo “Boas Práticas” para falar, especialmente, sobre um de seus projetos com o gênero Conto. Mesmo que um projeto específico tenha dado maior destaque ao trabalho da professora, ela conta que o envolvimento com o Conto é uma constante na rotina escolar. Dessa forma, ela sempre busca ampliar a bagagem de leitura dos alunos.

 

O trabalho com o gênero Conto em sala de aula

 

A sua brevidade e possibilidade de concluir sua leitura em pouco tempo desperta mais possibilidades para o trabalho em sala de aula.

 

A professora relata que o Conto é trabalhado em sala de aula desde o 7º ano, quando o entendimento do gênero é focado nas suas mais diferentes representações. Já o estudo do Conto Psicológico inicia-se a partir do 9º ano, devido a sua maior complexidade. Segundo ela,  este gênero é considerado mais complexo por apresentar mais densidade por meio de monólogo interior, epifanias, narrador onisciente e tempo psicológico.

 

Grasielly enxerga o estudo do Conto com bons olhos, por acreditar que a sua brevidade e possibilidade de concluir sua leitura em pouco tempo, desperta mais possibilidades para o trabalho em sala de aula. Dessa forma, as necessidades mais imediatas dos alunos são atendidas. Principalmente, por serem tão envolvidos com a brevidade textual proporcionada, em sua maioria, pelas redes sociais.

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Encontros em Contos

Como proposto pela Base Nacional Comum Curricular, o incentivo à leitura deve ser uma constante nas aulas de Língua Portuguesa. Para atender a esse proposto, Grasielly, juntamente de seus alunos, embarcou em um projeto enriquecedor, o “Encontros em Contos”. O título foi pensado  a partir de um convite feito por Renata Moraes para participar de um evento sobre o escritor brasileiro João Antônio. Com o convite, a professora encontrou uma nova possibilidade e um novo respiro para estimular a experiência literária dos alunos.

Até então, por acreditar que os contos do autor eram mais indicados para alunos do Ensino Médio, ela não havia experimentado o estudo com outra faixa etária. Mas a experiência com o projeto a fez mudar de percepção.

Assim, após o convite, ela compartilhou a proposta com os alunos que, prontamente, aceitaram e colocaram a mão na massa. Já nas aulas seguintes, os estudantes chegaram com pesquisas feitas sobre o autor. Ela acredita que ali, naquele momento, os alunos já tinham descoberto que essa figura tão nova (o escritor) poderia ser uma nova paixão literária para eles.

Por ter como foco  o Conto Psicológico, Grasielly fez relação às obras de Clarice Lispector, inserindo, em seguida,  a obra de João Antônio. Com o projeto, ela conseguiu identificar que as obras dos dois, considerados autores herméticos, relacionam-se, em sua maioria,  muito mais com questões de sensibilidade do que de idade, especificamente.

No início, houve estudo acerca da contextualização histórica e características literárias dos autores, de modo que os alunos, aos poucos, foram familiarizando-se com a linguagem usada pelos escritores. O fruto do projeto foi um vídeo, no qual os alunos fizeram uma análise do estudo.

Para Grasielly, a leitura está para além dos significados literais e do entendimento completo sendo, assim, fruto de disposição, entrega e sensibilidade.

Durante todo o processo, tanto as questões cognitivas quanto as questões socioemocionais foram compartilhadas nos grupos e na classe. “Foi emocionante!”, classifica Grasielly.

 

O envolvimento com a Literatura em contraposição ao celular

conto

 

De acordo com a professora, envolver os alunos nessa atividade de literatura tendo em vista que a internet/celular atraem mais a atenção deles, não foi um grande problema. Isso por se tratar de uma turma bastante ativa e envolvida com a leitura. Além disso, o conto traz essa brevidade e compreensão rápida, o que também se torna um atrativo interessante, ainda mais quando se relaciona com autores como Clarice Lispector e João Antônio.

Outro fator que provocou encantamento e vontade foi a possibilidade de participarem de um evento tão importante e em um espaço tão interessante, ampliando o repertório cultural e possibilitando que as palavras e pensamentos deles ultrapassassem os muros da escola.

Novas vertentes do projeto

A leitura amplia a reflexão, possibilita conhecimento e permite caminhos para autoestima e compreensão do mundo.

A partir da experiência, Grasielly pretende dar continuidade ao projeto. Para a próxima etapa, ela pretende propor o estudo de outros autores de contos como Machado de Assis, Guimarães Rosa, Lygia Fagundes Telles e Conceição Evaristo, entre outros que possam ser indicados pelos alunos. Sempre tendo como produto final um vídeo, como feito para o evento “João Antônio: na vida e na Literatura”.

Conforme exposto por Grasielly, a leitura amplia a reflexão, possibilita conhecimento e permite caminhos para construir a autoestima e compreender  o mundo.

Coletivo Leitor

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